Uma idéia que virou realidade...

Pessoal,

Como todos sabem, pelo menos aqueles que me conhecem, sou apaixonado pela temática ambiental. E após muito refletir, decidi criar este blog para expor minha idéias e tentar divulgar notícias, inovações nesta área, e claro, opiniões e análises críticas do que vem ocorrendo no mundo da sustentabilidade.

Peço que comentem, sugiram assuntos, critiquem, enfim, que este seja um espaço para discutirmos os mais variados assuntos.

Beijos e abraços a todos!

Jean Marc Sasson

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Coluna Ambiente Energia de 16/02/2012 - Dois gigantes brasileiros

Jean Marc Sasson, colunista do Ambiente Energia – Em visita à Foz do Iguaçu tive a oportunidade de presenciar duas grandes “monstruosidades” brasileiras, no bom sentido, claro! Em seu nome, a cidade prenuncia esta grandiosidade. O termo Iguaçu na língua Guarani, deriva de Y (“água”, “rio”) e guasu ou guaçu (“grande”), significa literalmente água grande, ou seja, rio de “grandes águas”.
Uma foi criada pela Natureza e a outra pelo Homem. A primeira eleita ano passado como uma das sete maravilhas naturais do mundo. A segunda eleita também em 1995 como uma das sete maravilhas do mundo moderno.  As cataratas de Foz do Iguaçu consistem em 275 quedas d’água ao longo de 2,7 km do rio Iguaçu. Algumas delas têm até 82m de altura, embora a maioria possua cerca de 64m. A maior delas, a Garganta do Diabo, marco da fronteira Argentina/Brasil, tem uma queda em forma de “U” de 82 metros de altura, 150 metros de largura e 700 metros de comprimento. Sem dúvida foi a mais impressionante que vi.
Tanto o Parque brasileiro como o argentino, eleitos em 1994 patrimônio mundial, são acessados pelas cidades de Foz do Iguaçu, no estado do Paraná e Puerto Iguazú, na província de Misiones, Argentina, bem como a partir de Ciudad del Este, no Paraguai.. As quedas são compartilhados pelo Parque Nacional Iguazú (Argentina) e pelo Parque Nacional do Iguaçu (Brasil).
Segundo o regime jurídico brasileiro, os Parques Nacionais são uma Unidade de Conservação cujo objetivo básico é a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e cênica, possibilitando a pesquisa cientifica, turismo ecológico e outras atividades. Sem dúvida, ambos os Parques fazem juz à sua criação e manutenção, incentivando o convivo entre homens e o Meio Ambiente.
Diante deste recurso natural, não restou outra alternativa senão utilizá-lo em prol da população. Em vista deste pontencial hídrico da Sub-Bacia hidrográfica do Rio Paraná, foi construído no Rio Paraná em parceria com o Paraguai a usina hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo em potência e a maior em energia produzida. Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, fornece 16,99% da energia consumida no Brasil e abastece 72,91% do consumo paraguaio. No último ano produziu um total de 92.245.539 megawatts-hora (MWh), perto do recorde histórico de produção de energia, em 2008, com a geração de 94.684.781 megawatts-hora (MWh).
A energia hidráulica corresponde a 75% da matriz energética nacional, segundo o Balanço Energético Nacional de 2008. E Itaipu é a principal usina hidrelétrica do pais. A energia elétrica é produzida pelo aproveitamento da energia potencial gravitacional da água contida em uma represa elevada. Antes de se tornar energia elétrica, é convertida em energia cinética, através da turbina que consiste basicamente em uma roda dotada de pás, que é posta em rotação ao receber a massa de água. Por último, o gerador converte o movimento rotatório da turbina em energia elétrica.
Não só pelos seus números incríveis, o interessante desta usina é a divisão binacional de operação, manutenção, abastecimento e transmissão da energia. Em razão da expiração do acordo internacional em 2023, desde o início houve preocupação para que ao término do tratado não houvesse transtornos na divisão. Assim, por exemplo, a transmissão da energia deve ser adaptada às características de ambos os países, tendo em vista que o sistema brasileiro é de 60hz e o paraguaio é de 50hz.
Os números desta construção são incríveis, ainda mais se pensarmos que foi construída no início da década de 70 e finalizada somente na de 80. O que mais me chamou atenção foi o tamanho do reservatório da usina cujo diâmetro é de 170km de extensão. Ele é o sétimo maior lago artificial brasileiro com 1.350 km² de área inundada, sendo o maior o de Sobradinho – BA, com 4.214 km² de área inundada. Olhando o horizonte, perde-se de vista o outro lado do reservatório, semelhante quando se observa no mar.
Tive a sorte que no dia da minha visita um dos vertedouros estava aberto, possibilitando observar um grande espetáculo. O vertedouro tem a função de descarregar toda a água não utilizada do reservatório para geração. A capacidade máxima de descarga do vertedouro é de 62,2 mil m³/s, 40 vezes superior à vazão média das Cataratas do Iguaçu.
Já a barragem é a estrutura (concreto, enrocamento e terra) que serve para represar a água e obter o desnível de 120 m (queda bruta nominal) que permite a operação das turbinas. A barragem da Itaipu tem 7.919 metros de extensão e altura máxima de 196 metros, o equivalente a um prédio de 65 andares. Consumiu 12,3 milhões de metros cúbicos de concreto, volume suficiente para construir 210 estádios de futebol como o Maracanã, enquanto o ferro e o aço utilizados permitiriam a construção de 380 Torres Eiffel, dimensões que transformaram a usina em referência nos estudos de concreto e na segurança de barragens. Foi construída com concreto, do tipo gravidade aliviada em razão das características geológica, possibilitando usar menos concreto e aço na sua construção.
Não obstante ser uma fonte geradora de energia limpa sabe-se que há grande impacto ambiental em razão do alagamento da região. Foi inundada uma área de 1500 quilômetros quadrados de florestas e terras agriculturáveis. Para tanto, foi realizada uma operação que salvou mais de 4.500 animais, entre macacos, lagartos, porcos-espinhos, roedores, aranhas, tartarugas e diversas espécies antes do alagamento.
Em visita à usina é facilmente constatável a preocupação da empresa binacional com o Meio Ambiente. Foram criados um ecomuseu com objetivo de educação ambiental, refúgios ecológicos e corredores ecológicos para proteger animais silvestres etc. Há ainda um projeto piloto com carros elétricos, os quais podem ser utilizados pelos turistas para realizar a visita. Isso sem contar os inúmeros projetos sociais e outros deincentivo à novas tecnologias. Itaipu Binacional, sem dúvidas, é uma empresa que possui uma ótima governança corporativa.
Voltei ao Rio de Janeiro com um excelente impressão de Foz do Iguaçu. Uma cidade pequena que localiza dois grandes gigantes brasileiros.

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