Uma idéia que virou realidade...

Pessoal,

Como todos sabem, pelo menos aqueles que me conhecem, sou apaixonado pela temática ambiental. E após muito refletir, decidi criar este blog para expor minha idéias e tentar divulgar notícias, inovações nesta área, e claro, opiniões e análises críticas do que vem ocorrendo no mundo da sustentabilidade.

Peço que comentem, sugiram assuntos, critiquem, enfim, que este seja um espaço para discutirmos os mais variados assuntos.

Beijos e abraços a todos!

Jean Marc Sasson

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Impasse climático: haverá um fim?

A COP 19 que ocorreu em Varsóvia está sendo um dos maiores fiascos da História das negociações climáticas. Tida como a COP que daria início ao marco regulatório internacional para as negociações climáticas, cujo termo final será em Paris em 2015, acabou sem qualquer consenso.
Diversos fatores levaram ao fracasso: desde a polônia sediar concomitantemente uma conferência sobre carvão mineral, passando pela demissão do Ministro polonês e presidente da COP durante a conferência- o país sede em regra lidera as negociações - e pelo abandono de ONG's ambientais importantes como o Greenpeace das negociações e, sobretudo, a eterna discussão sobre as metas de corte de emissões de CO2.
Previamente à reunião, chegou-se a acreditar que esta COP seria diferente das outras com a imposição de metas, voluntárias ou não, aos principais emissores, em razão das recentes catástrofes naturais, como o furacão Filipino Hayan que matou mais de dez mil pessoas.
Contudo, os países ricos, historicamente os maiores emissores de Gases de efeito estufa(GEE), querem dividir a conta com os emergentes que por sua vez não querem assumir metas por estarem se desenvolvendo, insistindo que as reduções dos países ricos e desenvolvidos devem ser maiores e mais drásticas.
Em um contexto de crise econômica, cortes de GEE afetariam diretamente a produção industrial e o crescimento do PIB. A União Européia que sempre liderou as negociações destas metas, fugiu da sua função em razão da crise no bloco. EUA, o maior emissor de GEE do mundo, que sequer havia assinado o protocolo de Kyoto e que na eleição de Obama teve um suspiro de esperança, seguem alheios ao seu peso nas discussões. A China, segundo maior emissor, concorda com a redução e segue investindo em energias renováveis, mas condiciona a sua participação à inclusão dos EUA.
Assim, frente à realidade atual de furacões, tufões, tempestades e enchentes cada vez mais frequentes, não passamos ainda de um cenário de cortes voluntários. O Brasil impôs um corte voluntário, já alcançado com a redução do desmatamento amazônico. Espera-se mais do Brasil, muito mais. Tanto em cortes de GEE quanto em liderança nas negociações.
Vejo com grande esperança e também desdém em relação à resolução deste impasse.
Não adianta os principais países condicionarem suas responsabilidades às participação dos demais. devem primeiro fazer o dever de casa para depois exigirem dos outros. Com o impasse todos saem perdendo, inclusive os próprios negociadores e governantes .
Acredito que o G-20, bloco econômico das 20 maiores economias mundial, deveria arcar com a responsabilidade de cortes profundos, independente da crise econômica. As nações devem seguir o exemplo do C40, grupo que reúne as 40 maiores cidades mundiais que compartilham experiências de sucesso e alcançaram metas de redução de GEE.
Portanto, não adianta prevermos a recuperação econômica se ao fim deste século não houver um Planeta habitável com o acréscimo médio de 5 graus na temperatura global.
A sobrevivência da raça humana deve ser priorizada frente ao desenvolvimento econômico.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Lixo Zero

Acompanho com atenção o Programa carioca Lixo Zero que começou a ser implementado a três meses pela Prefeitura carioca. Este programa multa o cidadão que descarta resíduos em vias públicas. Segundo dados da Comlurb, a quantidade de lixo recolhida em toda a cidade — cerca de dez toneladas, 60% domiciliar e 40% do público — não diminuiu, mas houve redução de 50% do descarte nas vias públicas.
Ao invés de implementar programas de Educação Ambiental, multar e castigar o bolso no Brasil ainda, infelizmente, é a alternativa eficaz. 
Com a entrada em vigor da Política Nacional de Resíduos Sólidos, todos os municípios serão obrigados a criar seu Plano Municipal de Gerenciamento sob pena de secar a fonte de receita Federal. 
Assim, ao criar uma programa intitulado "Lixo Zero", leva-nos a pensar que o objetivo do programa é a não geração de resíduos. Isto é, quando falamos em Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, a redução na geração deve ser o primeiro passo e o principal foco. 
Como vimos acima, isto de fato não ocorreu. O programa busca tão somente diminuir o trabalho de varreção da Comlurb.
Pois bem. 
A mesma PNRS, impõe uma responsabilidade compartilhada entre  fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana.Ou seja, quando falamos sobre um produto, para identificar os responsáveis, deve-se analisar o ciclo de vida deste produto - do berço ao berço. Todos os envolvidos neste ciclo de vida do produto deverão ser co-responsáveis. Desde a extração da matéria prima até o descarte pós-consumo.
Quando a Prefeitura, na melhor das suas intenções, afim de "limpar" a cidade, estabelece esse programa, estará muito aquém do objetivo principal. 
Um mero Programa  lixo zero não resolve. O ideal é criar um Plano de Gerenciamento que envolva e integre a educação dos consumidores para o descarte adequado, logística reversa do fabricantes para resgatar os resíduos gerados - incentivando a reciclagem e reaproveitamento destes resíduos- e a destinação adequada dos resíduos não reaproveitados entre outros elementos.
Portanto, não basta implementar um programa que visa multar os usuários. Deve haver um trabalho sério de planejamento, cooperação pública/privada e de conscientização da população em relação ao descarte e geração dos resíduos. 
Só assim poderíamos falar em Lixo Zero.


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Empresa Sustentável ou Greenwashing?

A Sustentabilidade é atualmente uma tema muito difundido e em voga,

No entanto, o primeiro erro que se comete é confundí-la com preservação do Meio Ambiente. Não estou aqui excluindo este elemento. O Meio ambiente é apenas um dos pilares da Sustentabilidade.

A Sustentabilidade é a união harmônica de três pilares inseparáveis e coexistentes: os pilares ambiental, social e econômico, mais conhecidos como triple bottom line, desenvolvido por John Elkington: “Hoje, se pensa em termos de um dos três pilares, com enfoque na prosperidade econômica, na qualidade ambiental e – o elemento ao qual as empresas preferiram fazer vistas grossas – na justiça social”( Elkingston, John; Sustentabilidade, Canibais com Garfo e Faca, 2012 – Mbooks do Brasil Ed. Ltda).



Assim, antes de uma empresa se declarar sustentável deve-se atentar para estes três pilares. Na verdade, devemos analisar mais do que isso. Devemos analisar se a empresa pratica a Sustentabilidade internamente. Não basta ela patrocinar projetos sociais ou plantar árvores como medidas compensatórias. Não é sustentável ter um relatório de Sustentabilidade. Ela tem de ter a Sustentabilidade como valor estratégico que pautará todas as suas decisões corporativas. Isto é, ela deve ter em suas áreas de Finanças, Marketing, Jurídico, Logística, Suprimentos, entre outras, o valor da Sustentabilidade. 

A Sustentabilidade deve ser um valor transversal e Vertical. Transversal em relação às áreas e Vertical em relação aos funcionários. Do Presidente ao chão da fábrica, todos devem pensar sustentável. Cada um à sua maneira.

Desta forma, vemos empresas que são consideradas sustentáveis e que fazem parte de Rankings das empresas mais sustentáveis, mas que praticam o greenwashing. Anunciam o financiamento de carros com emissão zero de carbono, vendem seus produtos por uma rede de vendedores autônomos - sem carteira de trabalho assinada. Onde estão os 3 pilares????? Elas se vendem sustentáveis, mas não são!!!

Portanto, antes de trocar gato por lebre, verifique os processos internos da empresa. Caso contrário, estará sendo vítima de um marketing verde agressivo e enganador.


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Pré-Sal já nasceu fadado ao fracasso

Recentemente, estivemos às voltas com o leilão do poço de Libra, o primeiro a ser leiloado do Pré-Sal brasileiro. 
Grandes gigantes petrolíferas se juntaram à Petrobrás para explorar este poço que é considerado o maior já achado em território brasileiro, pagando a bagatela de 15 bilhões de reais - o lance mínimo exigido, fora o investimento de trilhões que AINDA deverá ser feito.
Neste contexto, há atualmente explorações no Pré-sal africano e em outras regiões mundo afora. Ocorre que esta exploração em águas profundas é de elavado risco. 
Isso porque as técnicas existentes são escassas e onerosas por serem aplicadas em uma camada muito profunda. 
Segundo, em um mundo que caminha para a economia de baixo carbono, apostar na exploração de Petróleo em regiões profundas não há certeza que vá encontrar o pote de ouro, vide o caso recente da OGX que apostou em grande produção e só encontrou vento por lá.
Atualmente, o preço do barril tem variado entre US$ 100 e US$ 110 nos últimos dois anos. Para compensar economicamente a exploração nestes novos locais, o preço do barril deverá ser algo em torno de U$ 200,00, afirmam os economistas. Portanto, não é uma questão geológica, mas sim econômica. 
Hoje o petróleo é elemento inerente à Economia mundial. Está presente no Transporte, nos plásticos, querosene etc. Mas deveremos rever nossos conceitos rumo à economia de baixo carbono.
Investir em energias limpas  - cada vez são mais baratas-  é a nova tendência. Encontrar substitutos aos mais diversos aplicações do Petróleo -  substitutos ambientalmente corretos - também. 
O petróleo não irá acabar. Mas a demanda por ele sim!